quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Penso, logo registro

Foi a sacação de que o mundo da expressão passa pela chamada crise de autoria que me impulsionou a querer escrever aqui. Hoje em dia, qualquer pessoa com um celular na mão pode criar e expor para o mundo sua criação em texto ou imagem. É evidente que não se trata da democratização dos meios de comunicação como alardeiam alguns. Um celular ainda custa caro para muitos. É mais um item de fetiche mercadológico e, por isso, um instrumento de separação social. No entanto, dispositivos de comunicação e de reprodução da comunicação estão ficando cada vez mais populares, alargando para cada vez mais pessoas as possibilidades de produções de comunicação rápidas e abrangentes.
Este blog é só mais um dos milhares que se atiram como produtos de expressão do individualismo moderno. Nossas visões de mundo tornaram-se produtos. E não basta comprar, é preciso zapear ou navegar porque é na variedade que, primeiro, se tem a atenção prendida e, em seguida, o ato da escolha da audiência. Por enquanto, o estágio intermediário da veiculação virtual está jogando as cartas e lucra. Outro estágio intermediário da comunicação, outrora poderoso, o do suporte físico da mensagem, padece. O termo "pirataria" não faz outra coisa que denunciar o valor mercadológico das peças copiadas.
Mas quem passará a lucrar agora que o próprio suporte físico da criação estão derretendo juntamente com a identificação da sua autoria? Como dissemos, por enquanto são os donos da rede. E o longínquo e esquecido autor...? Os antigos filósofos e aedos gregos até ganhavam seus tostões pelos seus discursos mas não havia mecenas ou produtor que lucrassem com a criação alheia. A obra moderna passou a ter a autoria reconhecida no "direito autoral", verdadeira semi-proletarização do trabalho do autor, que hoje pode estar prestes a se libertar através da obra "sem autor",ao contrário do que podemos pensar. A obra, por sua vez, também está livre para surgir apenas de mãos que realmente têm prazer de criar, sem vistas ao mercado.

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